A "caixa preta" do cuidado: relações de gênero e histórias de vida de trabalhadoras técnicas de enfermagem

Exportado OPUSMade available in DSpace on 2019-08-11T17:19:02Z (GMT). No. of bitstreams: 1 dissertacao.erica.dumont.publicada.pdf: 771353 bytes, checksum: 16e769870b65e8cd48c1cbb20bec7419 (MD5) Previous issue date: 24O objeto deste trabalho são as relações de cuidado com o outro, analisadas nas histórias de vida de duas mulheres, atuais técnicas de enfermagem.O conceito de cuidado, tomado dos estudos feministas, entendido como uma relação social cujo objeto é o outro, constitui o eixo central das análises. Entendendo que as relações de cuidado são constituídas de ações e emoções, vivenciadas pelas agentes nos diversos contextos dos quais estas fazem parte, procuramos desvendá-las nessas histórias de vida, com foco na esfera familiar e na esfera do trabalho no Centro de Saúde. Para a construção das histórias de vida, utilizou-se entrevistas narrativas. Outro procedimento metodológico adotado foi a observação participante nas situações de entrevistas e no cotidiano do Centro de Saúde por um período de três meses. No primeiro capítulo, buscou-se situar a discussãocontemporânea do cuidado desenvolvida no campo de estudos feministas. Nele também apresentamos a construção do objeto e as opções metodológicas para a compreensão do mesmo. No segundo capítulo, focalizou-se na história de Lúcia e Rosa no âmbito das respectivas famílias com objetivo de apreender e analisar nas suas histórias: as práticas, os significados e as emoções que constituem as relações de cuidado. O terceiro capítulo refere-se às análises das lembranças e das práticas de cuidado no âmbito do trabalho que essas desempenham no Centro de Saúde. Destacou-se nesses capítulos, a consubstancialidade das relações de cuidado, gênero e classe social em diálogo com a perspectiva feminista do cuidado e tomamos o conceito de gênero como categoria de análise central. Os resultados desta pesquisa revelaram que as relações de cuidado extrapolam osobjetivos da sobrevivência e instrumentais, embora estejam bastante delimitadas por esses objetivos, desvelando um contexto de práticas e símbolos, que se destacam não só pela responsabilidade, altruísmo, mas também pela violência e raiva, atitudes de distanciamento, poucoevidenciadas nos estudos sobre essa temática.The object of this work is the relations of care for the other, analyzed through the life stories of two women, current nursing techniques workers. The concept of care, taken by the feminist studies point of view, understood as a social relation whose object is the other, constitutes the central axis of the analyzes. Understanding the relations of care are composed by actions and emotions, experienced by agents in a various contexts of which they are part, we find to unveil them in these life stories, focusing on the family sphere and on the sphere of work in the Health Center. To construct the life histories, we used narrative interviews. Another methodological procedure adopted was a participant observation in the interviews situations and also, daily in the health center, for a period of three months. In the first chapter, we situate the contemporary discussion of care, located in the feminist studies. In it, we present the construction of the object and also the methodological options for the understanding it. In the second chapter, we focus in the story of Lucy and Rose in the family purposing of gath and analyze the memories of the care and some meanings constructed by them about their daily practices of care in this sphere. In the third chapter, we emphasize their practices and discourses concerning the work in the health care and its socialmeaning. In these chapters, we highlight the consubstantiality of the social relations of care, gender and social class in dialogue with the feminist perspective of care and take the concept of gender as a central category. The results revealed that the relations of care surpass the instrumental goals of survival and professional techniques, revealing the symbolic context, which also stands for violence and anger, attitudes that are not being evidencieted in some studies in this area